Depois de tantos dias com aquela bendita máscara, passo para outra cama. Devo estar melhor. Já não estou sozinha num quarto.
Parece que sou a única pessoa consciente na UCI. Pelo menos eu acho que estou consciente, mas não tenho a certeza se essa é a opinião geral.
Tenho fome. Tenho sempre fome.
Aborrecem-me estas crostas no nariz que já duram desde que cá cheguei. Não mas podem tirar. Se sangram, não tenho plaquetas para parar a hemorragia.
Preciso escrever. Peço umas folhas de papel ao enfermeiro e uma caneta. Tenho de registar esta aventura. Então vamos lá.
"Já fui banhada, escovada, penteada e vestida de lavado. Já descobri como é que conseguem mudar os lençóis da cama sem me tirarem de lá. Fantástica técnica.
Ao almoço comi uma truta e meia (não confundir com tuta e meia) grelhada com batatas cozidas e couves de bruxelas. Sobremesa: gelatina. Fiquei bem."
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