Mielograma, mielograma, mielograma...


Como o martelo de Vulcano, a palavrita bate com força na minha cabeça. Quero tirá-la de lá, mas não consigo. Quero varrer o meu pensamento e torná-lo límpido, claro e imaculado. Sou perfeitamente incapaz.


Já não faço mielograma há 6 meses e isso deixa-me insegura.


Não que eu queira ou goste de fazer mielograma (óbvio). Quem é que gosta de ter o "saca-rolhas" a furar o seu esterno e depois sentir arrancar-lhe os tendões do pescoço (é isso mesmo que parece)? Mas é apenas um mal necessário e depois de mais de uma dúzia deles (à dúzia é mais barato) definitivamente, já não é a dor física que me importa. Como costumo dizer, o que custa é esperar pelo resultado. Aquele que eu tenho fé, vai ser o melhor possível. Mesmo assim é impossível não sentir algum desconforto enquanto não recebo a notícia.


Por outro lado, faz-me bem voltar a sentir-me frágil em relação à doença. Faz-me lembrar que não devo tomar a vida como garantida e, então, cuidar melhor dela e apreciá-la melhor. Além disso, aproxima-me mais dos meus "irmãos" de batalha e não deixa que a lufa-lufa do dia-a-dia enterre a minha consciência do seu sofrimento, da sua dor e da sua necessidade do meu apoio. Dá-me vontade de dar-lhes mais de mim. Dá-me vontade de largar tudo e estar lá todos os dias para todos e cada um deles.


Espero não ficar para sempre apenas nas intensões. Sinceramente.