.... Outubro de 2005

"É curioso! Tenho estado sempre consciente, mas não consigo lembrar-me da maior parte do que acontece á minha volta.
O médico diz que estou "em transe". Está a brincar, mas parece-me que tem alguma razão.
Já saí dos cuidados intensivos e meteram-me num quartinho claustrofóbico do Piso V. O quarto 20. O Dr. Ângelo diz que tem vista para o mar (brincalhão), mas eu nem uma gaivota consigo ver.
O quarto é muito pequeno e muito quente também. Não gosto muito de estar aqui.
Antes de sair de lá tiraram-me o catéter arterial. Ninguém conseguia parar a hemorragia. Foram tentativas em cima de tentativas e nada. Acho que quase todo o pessoal do Piso V tentou. O Dr. Herlander resolveu sentar-se na beira da minha cama e ficar a conversar comigo enquanto pressionava com muita força o meu pulso. Finalmente, passados largos minutos, o sangue parou de correr. Aleluia!!
As visitas dos amigos e clientes não param. Até já chamaram o João para lhe dizer que a visitas têm de abrandar. Não imaginava que era tão importante assim para tanta gente."

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